Com o desaparecimento da Instituição do Rei do Congo, em meados do século XIX, teria restado no Recife o Auto dos Congos, folguedo onde os africanos, geralmente escravos, representavam uma peça, seguida de música e dança própria. Com a decadência desse Auto, a parte de representação foi excluída; restando apenas a tradição do cortejo, que derivou para o folguedo que hoje conhecemos como Maracatu.
O Maracatu conserva, ainda hoje, costumes do Auto dos Congos, como as relações de hierarquia e sucessão notados em alguns de seus participantes. O aproveitamento dos membros das nações nos cortejos teria estimulado os populares recifenses a chamar o Maracatu de “Nação”.
Os cânticos do Maracatu refletem também um caráter fortemente religioso. Podemos observar, em suas toadas (loas), referências à coroação do rei congo e às divindades dos cultos populares. Seus brincantes buscavam, em seus cânticos e músicas, um viver, para reviver a força de seus antepassados. Apesar da origem africana, atualmente, não apenas os negros tomam parte no cortejo, mas também os mestiços e brancos, e não é raro encontrar uma pessoa branca ocupando o lugar que conviria a uma negra.
Temos, atualmente, dois tipos de Maracatu, cada qual com suas características próprias e marcantes: o Maracatu de Baque Solto e o Maracatu de Baque Virado.
O Maracatu do Baque Virado, também conhecido como “Nação”, mantém em seu desfile o cortejo real, muito próximo daquele outrora apresentado pela escravaria africana, no período colonial, para homenagear a coroação do Rei do Congo.
A presença do Maracatu do Baque Virado é mais marcante na área urbana, mais precisamente na capital. Antigamente, suas apresentações aconteciam no pátio das igrejas de Recife, Olinda e Itamaracá; promovidas pelas irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e de São Benedito.
Com o passar do tempo, o cortejo foi evoluindo e desgarrando-se dos festejos dos Reis Magos, entrando para os festejos carnavalescos, onde hoje figura como peça importante do carnaval pernambucano.
O Maracatu até então conhecido como “Nação” passou a receber a designação de Baque Virado para diferenciá-lo da variante que surgia: o Maracatu de Baque Solto. As gentes das nações eram de origem africana, devotos dos cultos afro-brasileiros. Veneravam a Calunga (a boneca), espécie de divindade muito respeitada no sincretismo religioso. Cantavam toadas (loas) para seus mortos (èguns), nas quais incluíam versos de procedência africana. As toadas cantadas pelo puxador são respondidas ou repetidas pelas baianas e demais integrantes do grupo. O som de um apito determina o início e o fim de uma toada.
O instrumental do Maracatu de Baque Virado é exclusivamente de percussão: o gonguê (agogô de um cone só), o tarol e a caixa de percussão. Esses instrumentos mais as zabumbas (alfaias) complementam-se e dão ao cortejo um caráter de encontro místico entre seus participantes. A dança mantém as origens africanas.
A exibição do cortejo dá-se de maneira ordenada: na frente vêm as damas do paço (damas da boneca), que portam as Calungas durante o desfile. Depois, protegidos por um paio (espécie de guarda-sol) vêm o rei e a rainha, cada um com sua dama de honra, seguindo-se o príncipe e a princesa, o ministro, o embaixador, o duque e a duquesa, o conde e a condessa, o conselheiro, os soldados, os vassalos, as baianas, os lanceiros e a porta-bandeira. Seguem o cortejo, ainda, o guarda-coroa, o corneteiro, a baliza, o secretário, os batuqueiros e os caboclos de pena; deixando mais do que claro a hierarquia existente no Maracatu.
O Maracatu de Baque Virado mais antigo ainda em atividade é o Maracatu Nação Elefante, fundado em 1800. Desativado após a morte de sua rainha, Dona Santa, no ano de 1962, voltou a desfilar após 24 anos. O mesmo processo de desativação, no caso, por 50 anos, deu-se com o Maracatu Nação Sol Nascente, cuja data de fundação não foi claramente estabelecida.
Outros grupos tradicionais são o Maracatu Nação Leão Coroado (fundado em 1863), o Estrela Brilhante (em 1910), o Porto Rico do Oriente (1916), o Cambinda Estrela (1935), o Almirante do Forte (1935) e o Indiano (1949).
Intitulado de Banda e Bloco Cultural, o Maracatu Nação Pernambuco foi criado, no ano de 1989, inspirado nos maracatus tradicionais, com o objetivo de difundir e divulgar essa manifestação cultural.
Resumindo: o Maracatu é uma dança de origem sudanesa, fato esse comprovado pela presença da lua crescente em seus estandartes; além de certos animais africanos como o elefante e o leão.
Durante o período da escravidão no Brasil, os negros decidiram cortejar seus reis, que também estavam escravizados. Fizeram isso através da dança e das cerimônias religiosas: todas as nações negras seguiam em cortejo, dançando, até a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Recife. Lá coroavam seus reis e rainhas.
Os negros pediam aos senhores brancos as roupas que não seriam mais usadas. Esses, por sua vez, emprestavam as vestimentas com a esperança de que as nações entrassem em desacordo, disputando as roupas entre si. Porém, o que acabou acontecendo foi o contrário: os negros aproveitavam os encontros para combinar as fugas para os quilombos.
O Maracatu possui várias personagens, como a Dama das Coroas e a Dama das Flores.Uma das figuras principais é a Dama do Paço, que carrega a boneca Calunga; um símbolo que representa o mar e o sofrimento pelo qual os negros escravos atravessaram e passaram.
O Maracatu é um cortejo simples, que do sagrado passou para o carnavalesco. Originalmente, essa manifestação era realizada somente com o ritmo dos tambores. Somente no século passado, surgiram os primeiros cantos no Maracatu.
Maracatu: a resistência e a sobrevivência de crenças, de culturas e costumes de um povo que veio de uma forma nada espontânea para os “braços da escravidão”. É a luta de uma Nação, que não esqueceu de seus Reis e Rainhas, seus deuses e a sua fé. Mesmo com uma outra cultura pedindo para rezar para Santa Bárbara, os negros nunca esqueceram Iansã. De nada adiantou...
O Maracatu conserva, ainda hoje, costumes do Auto dos Congos, como as relações de hierarquia e sucessão notados em alguns de seus participantes. O aproveitamento dos membros das nações nos cortejos teria estimulado os populares recifenses a chamar o Maracatu de “Nação”.
Os cânticos do Maracatu refletem também um caráter fortemente religioso. Podemos observar, em suas toadas (loas), referências à coroação do rei congo e às divindades dos cultos populares. Seus brincantes buscavam, em seus cânticos e músicas, um viver, para reviver a força de seus antepassados. Apesar da origem africana, atualmente, não apenas os negros tomam parte no cortejo, mas também os mestiços e brancos, e não é raro encontrar uma pessoa branca ocupando o lugar que conviria a uma negra.
Temos, atualmente, dois tipos de Maracatu, cada qual com suas características próprias e marcantes: o Maracatu de Baque Solto e o Maracatu de Baque Virado.
O Maracatu do Baque Virado, também conhecido como “Nação”, mantém em seu desfile o cortejo real, muito próximo daquele outrora apresentado pela escravaria africana, no período colonial, para homenagear a coroação do Rei do Congo.
A presença do Maracatu do Baque Virado é mais marcante na área urbana, mais precisamente na capital. Antigamente, suas apresentações aconteciam no pátio das igrejas de Recife, Olinda e Itamaracá; promovidas pelas irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e de São Benedito.
Com o passar do tempo, o cortejo foi evoluindo e desgarrando-se dos festejos dos Reis Magos, entrando para os festejos carnavalescos, onde hoje figura como peça importante do carnaval pernambucano.
O Maracatu até então conhecido como “Nação” passou a receber a designação de Baque Virado para diferenciá-lo da variante que surgia: o Maracatu de Baque Solto. As gentes das nações eram de origem africana, devotos dos cultos afro-brasileiros. Veneravam a Calunga (a boneca), espécie de divindade muito respeitada no sincretismo religioso. Cantavam toadas (loas) para seus mortos (èguns), nas quais incluíam versos de procedência africana. As toadas cantadas pelo puxador são respondidas ou repetidas pelas baianas e demais integrantes do grupo. O som de um apito determina o início e o fim de uma toada.
O instrumental do Maracatu de Baque Virado é exclusivamente de percussão: o gonguê (agogô de um cone só), o tarol e a caixa de percussão. Esses instrumentos mais as zabumbas (alfaias) complementam-se e dão ao cortejo um caráter de encontro místico entre seus participantes. A dança mantém as origens africanas.
A exibição do cortejo dá-se de maneira ordenada: na frente vêm as damas do paço (damas da boneca), que portam as Calungas durante o desfile. Depois, protegidos por um paio (espécie de guarda-sol) vêm o rei e a rainha, cada um com sua dama de honra, seguindo-se o príncipe e a princesa, o ministro, o embaixador, o duque e a duquesa, o conde e a condessa, o conselheiro, os soldados, os vassalos, as baianas, os lanceiros e a porta-bandeira. Seguem o cortejo, ainda, o guarda-coroa, o corneteiro, a baliza, o secretário, os batuqueiros e os caboclos de pena; deixando mais do que claro a hierarquia existente no Maracatu.
O Maracatu de Baque Virado mais antigo ainda em atividade é o Maracatu Nação Elefante, fundado em 1800. Desativado após a morte de sua rainha, Dona Santa, no ano de 1962, voltou a desfilar após 24 anos. O mesmo processo de desativação, no caso, por 50 anos, deu-se com o Maracatu Nação Sol Nascente, cuja data de fundação não foi claramente estabelecida.
Outros grupos tradicionais são o Maracatu Nação Leão Coroado (fundado em 1863), o Estrela Brilhante (em 1910), o Porto Rico do Oriente (1916), o Cambinda Estrela (1935), o Almirante do Forte (1935) e o Indiano (1949).
Intitulado de Banda e Bloco Cultural, o Maracatu Nação Pernambuco foi criado, no ano de 1989, inspirado nos maracatus tradicionais, com o objetivo de difundir e divulgar essa manifestação cultural.
Resumindo: o Maracatu é uma dança de origem sudanesa, fato esse comprovado pela presença da lua crescente em seus estandartes; além de certos animais africanos como o elefante e o leão.
Durante o período da escravidão no Brasil, os negros decidiram cortejar seus reis, que também estavam escravizados. Fizeram isso através da dança e das cerimônias religiosas: todas as nações negras seguiam em cortejo, dançando, até a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Recife. Lá coroavam seus reis e rainhas.
Os negros pediam aos senhores brancos as roupas que não seriam mais usadas. Esses, por sua vez, emprestavam as vestimentas com a esperança de que as nações entrassem em desacordo, disputando as roupas entre si. Porém, o que acabou acontecendo foi o contrário: os negros aproveitavam os encontros para combinar as fugas para os quilombos.
O Maracatu possui várias personagens, como a Dama das Coroas e a Dama das Flores.Uma das figuras principais é a Dama do Paço, que carrega a boneca Calunga; um símbolo que representa o mar e o sofrimento pelo qual os negros escravos atravessaram e passaram.
O Maracatu é um cortejo simples, que do sagrado passou para o carnavalesco. Originalmente, essa manifestação era realizada somente com o ritmo dos tambores. Somente no século passado, surgiram os primeiros cantos no Maracatu.
Maracatu: a resistência e a sobrevivência de crenças, de culturas e costumes de um povo que veio de uma forma nada espontânea para os “braços da escravidão”. É a luta de uma Nação, que não esqueceu de seus Reis e Rainhas, seus deuses e a sua fé. Mesmo com uma outra cultura pedindo para rezar para Santa Bárbara, os negros nunca esqueceram Iansã. De nada adiantou...
Nenhum comentário:
Postar um comentário